Antes de falar sobre a coletânea História de Fantasmas, que reúne 13 contos do escritor inglês Charles Dickens, acho importante já começar com um aviso: apesar do nome, nem todos os contos são de fantasmas. E embora a palavra “fantasmas” evoque uma atmosfera de horror, nem todos os contos são desse gênero – aliás, uma característica notável de Dickens é o humor. O que não quer dizer de modo algum que quando ele se propõe a escrever histórias arrepiantes ele não o faça muito bem, aliás, é curioso que algumas das histórias mais assustadoras do livro não envolvam exatamente fantasmas, mas o sobrenatural de modo mais geral, digamos assim.
A coletânea já abre muito bem com “O sinaleiro”, provavelmente um dos melhores contos de Dickens que lidam com o desconhecido. Há algo extremamente especial no modo como o autor faz as descrições em suas histórias, porque é o equilíbrio perfeito no uso das descrições, fazendo com que o leitor seja transportado para castelos escuros, lugares tomados pela neblina – mas sem que isso desvie a atenção (e portanto, prejudique o desenvolvimento da tensão), ou que simplesmente seja enfadonho para quem lê.