Category Archives: Teatro

Vigor Mortis Comics

Acompanho o trabalho da companhia de teatro Vigor Mortis e do artista DW meio de longe há alguns anos. O motivo? A peça Morgue Story, que trazia uma proposta inovadora de mesclar Quadrinhos com Teatro (e tinha um pôster de divulgação muito, mas muito bacana com arte do DW). E foi por isso que ao ver a Vigor Mortis Comics na livraria não pensei nem duas vezes e comprei, mesmo sem nem conhecer ao certo a proposta do livro. E de fato, foi um acerto: com roteiros de Paulo Biscaia Filho (diretor da Vigor Mortis) e José Aguiar e arte de DW e José Aguiar, a Vigor Mortis Comics traz novas histórias de personagens das peças do grupo curitibano, seguindo o mesmo tom de horror mesclado com cultura pop como era possível ver nos palcos.

O livro abre com duas obras diretamente relacionadas com Morgue Story, Oswald Apaixonado (arte de DW), história da personagem criada pela protagonista Ana Argento. Segue então Corra, Cataléptico, Corra (arte de José Aguiar) trazendo novamente Tom, o vendedor de seguros cataléptico. Como acontece nas boas histórias de horror, você reconhece o humor sutil na primeira história e o ritmo eletrizante na segunda. Acabam servindo como uma ótima abertura para a seleção de histórias que têm entre elas alguns textos explicativos de Paulo Biscaia Filho, mostrando de onde as personagens que agora estão nos quadrinhos surgiram.

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Rosencrantz & Guildenstern Are Dead (Tom Stoppard)

Você gosta de Shakespeare? Gostou de Hamlet? Já teve contato com alguma coisa do teatro do absurdo? Gostou de Esperando Godot de Samuel Beckett? Sempre gostou de humor inteligente? Se você respondeu sim para qualquer uma dessas perguntas, saiba que é quase certeza que você irá adorar a peça de Tom Stoppard (o mesmo sujeito que escreveu o roteiro Brazil com o Terry Gilliam), Rosencrantz & Guildenstern Are Dead.

A base da ação da peça é Hamlet, de Shakespeare, porém os protagonistas são os amigos de infância do príncipe, conforme deixa claro o título. Hamlet aqui aparece raras vezes, assim como as demais personagens. Tudo é focado em Rosencrantz e Guildenstern, que em alguns momentos quase parecem se mesclar em uma personagem só. Eles passam o tempo fazendo jogos de palavras ou em longos silêncios, sem saber do seu destino.

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Trilhas Sonoras de Amor Perdidas

Há cerca de 11 anos a Sutil Companhia de Teatro apresentava ao público a adaptação do romance Alta Fidelidade de Nick Hornby, chamada A Vida é Cheia de Som e Fúria. Foi paixão e identificação instantânea com aquela personagem cheia de falhas e com uma visão meio ácida do que tinha ao redor, que estabelecia relações entre a música e tudo o que vivia. Passado esse tempo, a Sutil chega agora no Festival de Teatro de Curitiba com o que seria a segunda parte da trilogia Som e Fúria, a peça Trilhas Sonoras de Amor Perdidas.

O importante a se destacar é que é uma segunda parte mas não é uma continuação. Do dono da loja de discos vamos agora para um sujeito que tem uma coluna em um jornal e trabalha em uma rádio, e que em mais uma madrugada sem conseguir dormir relembra o passado através de várias “mixtapes”, aquelas fitas cassetes que costumávamos gravar em tempos pré-internet. O humor de Felipe Hirsch continua presente, mas agora ao invés do resgate de memórias de ex-namoradas, temos um homem tentando se reconstruir após a perda da mulher que amava. Assim, a nostalgia é muito mais melancólica do que se via na primeira peça da trilogia.

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Caça às Bruxas

Não sei se vocês já tiveram a oportunidade de assistir (ou ler) a peça do Arthur Miller, The Crucible (conhecida aqui como As Bruxas de Salem). A peça é baseada nos eventos que de fato ocorreram em Salem em 1692 (a famosa “caça às bruxas” que todos conhecem bem), mas ele usa esses acontecimentos como alegoria para algo que acontecia em seu tempo: o Macartismo.

Não deixa de ser genial, dentro de sua proposta: uma crítica à atmosfera de medo criada, de como esse terror beneficia alguns e paralisa outros. E, principalmente, de como o terror tolhia os americanos do que eles consideram sua característica mais importante, a liberdade. Nas próprias palavras do Miller:

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