Shakespeare escrevia por dinheiro: Melhores livros de 2011

Eu sei que mês passado tinha prometido falar sobre ritmo de leitura, mas eu nem tinha me tocado que já era dezembro e que o último post do ano PEDIA uma lista de melhores leituras. Sim, eu sei que tivemos uma lista dividida em três partes e que na última tem lá minha participação, mas poxa, um livro só em um ano com tantos livros bons chega a ser sacanagem. Então combinemos assim: prometo que se mês que vem eu falo do tal ritmo de leitura, e nesse vou para o bom e velho top5, hmmkay?

Li como uma louca em 2011, consegui conhecer escritores que há muito tempo planejava ler (alou, Mia Couto e Philip Roth!) e quase consegui cumprir minhas resoluções literárias (faltou O jogo da amarelinha e terminar 2666, há!). O saldo final foi bastante positivo, poucos livros abandonados (três: Water for ElephantsWhat Alice Knew: A Most Curious Tale of Henry James and Jack the Ripper e The Passage) e poucas decepções (que eu lembre agora só uma, The Gun Seller do Hugh Laurie). Mas entre tanta coisa boa, os que acredito que estarão em minhas listas de favoritos não só de 2011 mas de outros anos são:

O Fio das Missangas (Mia Couto): Fazia tempo que desejava ler Mia Couto, e esse tipo de expectativa pode ser um problema quando o livro não entrega o que se esperava. Por outro lado, imagine quando você ainda consegue se surpreender com algo que já imaginava que seria bom? Foi o que aconteceu quando comecei a passar os olhos em O fio das missangas, livro de encher os olhos, texto em prosa que é pura poesia. Lembrei muito de um dos meus escritores favoritos, Guimarães Rosa. Foi um prazer enorme conhecê-lo, e já estou com mais Mia Couto na lista de leituras futuras.

Never Let me Go (Kazuo Ishiguro): Tanta gente comentando, livro ganhando adaptação cinematográfica… lá vai minha curiosidade buscar a obra para conferir. E no começo eu já estava gostando, achei que seria uma história fofa de memórias, meio que no estilo Conta Comigo. Até que chega uma informação nova na narrativa que muda tudo, e só pela surpresa que me causou já merecia um lugar aqui nos melhores de 2011. Mas somando a isso o desenvolvimento da ideia, de como Ishiguro conduz isso, e pronto, mais do que melhores de 2011, é livro que indico de olhos fechados para qualquer um (óbvio, sempre evitando falar demais sobre ele).

A máquina de fazer espanhóis (valter hugo mãe): Paixão à primeira página, pense só. Eu que sou chatinha e normalmente só me entrego de verdade para um livro para depois da vigésima página, foi completamente encantada pela prosa de valter hugo mãe já nas primeiras linhas. A máquina de fazer espanhóis é daqueles livros que você quer grifar, cheio de ideias que ficam na mente do leitor depois de muito tempo.

The sense of an ending (Julian Barnes): Acontece todo ano, quando acho que já fechei a lista das melhores leituras chega um novo livro que me encanta e aí preciso reajustar a lista. Ano passado foi A elegância do ouriço, agora em 2011 foi The sense of an ending. É uma obra que talvez nos fale tanto justamente por lidar tão bem com a memória e de como ela pode ou não ser confiável. Estou bem ansiosa para que a tradução chegue logo no Brasil para saber como receberão esse livro, que merece sem dúvidas entrar em listas de mais vendidos.

Como me tornei estúpido (Martin Page): Sobre esse eu já comentei na parte III das Melhores Leituras de 2011, entao deixo só um conselho para quem for atrás do livro. Compre um para você, não pegue emprestado. A vontade de rabiscá-lo é insana, e a pessoa que te emprestou pode não gostar de recebê-lo cheio de grifos e anotações.

***

E é isso. Espero que em 2012 continue encontrando novos autores e me encantando como foi possível neste que passou. E só para deixar registrado, fica aí minha lista de resoluções literárias para o ano que vem:

– Ler House of Leaves
– Ler Infinite Jest
– Ler O jogo da amarelinha
– Ler Gravity’s Rainbow

***

Fecho a coluna deste mês desejando um feliz ano novo para todos os leitores! Até 2012, pessoal!

***

Livros lidos: The Sense of and Ending (Julian Barnes), On the Road: o manuscrito original (Jack Kerouac), E tem outra coisa… (Eoin Colfer), Um Dia (David Nicholls) e Ilusões Perdidas (Honoré de Balzac).

Leituras em andamento: Breves entrevistas com homens hediondos (David Foster Wallace).

Livros que chegaram: On the Road: o manuscrito original (Jack Kerouac), E tem outra coisa… (Eoin Colfer), Um Dia (David Nicholls), Ilusões Perdidas (Honoré de Balzac), Anna Kariênina (Liev Tosltói), Antes do nascer do mundo (Mia Couto), O remorso de Baltazar Serapião (valter hugo mãe), Breves entrevistas com homens hediondos (David Foster Wallace), Como Shakespeare se tornou Shakespeare (Stephen Greenblatt), Outros Tempos (Edney Silvestre) e O livro dos esnobes (W.M. Thackeray).

2 thoughts on “Shakespeare escrevia por dinheiro: Melhores livros de 2011

  1. O Fio das Missangas está na lista de livros que devem ser lidos para o vestibular da faculdade Cásper Líbero, que prestarei esse ano. Nunca havia ouvido falar de Mia Couto e, ao procurar pelo livro, me deparei com as frases introdutórias. É arrebatador como o autor compara o poeta, esse ser que passa despercebido, com o fio do colar… Acho que somos como os colares de missangas, e que o que nos sustenta é um verso aqui, outro ali… não necessariamente de um poeta, mas das pessoas em geral que passam por nossas vidas. Sem isso tudo, seríamos colares muito opacos! E também interpretei a opção pelas missangas, e não pelas pedras preciosas, como uma apologia às coisas mais simples da vida que, podem sim, ser muito mais coloridas e fundamentais. Posso estar enganada, claro. Mas ainda tenho de ler esse livro, e estou realmente empolgada, yaaaaay! E lá vou eu!!! 😀

Leave a reply to Gabriela A. Oliveira Cancel reply