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Arte e Letra: Estórias P (Vários)

A revista Arte e Letra Estórias já é uma velha conhecida aqui no Meia Palavra. Desde a edição L temos comentado sobre essa fantástica proposta da editora curitibana Arte e Letra de reunir textos curtos de autores ainda não tão conhecidos do público e outros já bastante famosos, de modo a criar uma revista-livro que funciona perfeitamente como um “menu degustação” para quem quiser conhecer novos nomes. O que torna a ideia da revista muito legal também é fugir da mesmice até quando apresenta contos de escritores do século XIX, por exemplo. Aliás, se há algo que se pode afirmar com certeza sobre a revista, edição após edição, é que não há espaço para o óbvio.

No caso da edição P isso fica ainda mais nítido. Mesmo que traga nomes consagrados como dos britânicos James Joyce e Virginia Woolf, a escolha dos títulos é bastante peculiar. Para Joyce foi escolhido o conto presente em Dublinenses “Uma pequena nuvem” (traduzido por Adriano Scandolara), que foge da escolha de “Os Mortos”, bem mais comum em coletâneas. Para Woolf a escolha é ainda mais interessante: “Craftsmanship” (traduzido por Gustavo Hessmann Dalaqua) é na realidade um texto lido por Virginia Woolf na rádio BBC em 1927, falando sobre as palavras (e o ato de escrever). Se a revista fosse só esse texto já valeria a pena, mas há mais, muito mais na edição P.

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O horror de Dunwich (H.P. Lovecraft)

As pessoas podem até não gostar de Lovecraft, mas uma coisa é indiscutível: em se tratando de horror, poucos escritores conseguiram criar uma mitologia tão bem amarrada como ele. Para justificar essa ideia, basta citar o caso do Necronomicon, sobre o qual uma pesquisa breve na internet já revela que muitos creem ser um livro real. Não é. Foi criado por Lovecraft como parte da mitologia de Cthulhu, do qual faz parte O horror de Dunwich, que ganhou nova tradução para o português feita por Guilherme da Silva Braga, que já traduziu outros títulos do autor para a editora Hedra. Para os fãs é um prato cheio de referências, passando desde a Universidade Miskatonic até o já citado Necronomicon.

A história fala de Wilbur Whateley, menino que fora marcado pelo signo da estranheza, seja pelo físico, seja pela velocidade com que se desenvolveu e, evidente, pelos interesses que passa a nutrir. Wilbur estuda o Necronomicon e deseja fazer um ritual que só está descrito em uma das raras edições completas em latim, cuja busca acaba culminando nos eventos que seriam então o dito “horror de Dunwich”. O genial na história são os detalhes, e de como combinados eles levam a um choque entre o real e o fantástico, criando assim um horror que ora se apresenta sutilmente, ora aparece com força total.

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